MEU SER
Mais um dos meus primeiros sonetos que ando resgatando.
Há dias que o meu ser fica de luto
E de tudo eu vejo um tom de eufono
E então me sinto no intenso abandono
Quando as duras coisas eu escuto.
Meu ser de dor fica poluto
Fico parado às vezes áfono
E então eu vejo o tom de um outono
Que nunca mais dará o doce fruto.
Muitas vezes eu me vejo a esmo
E então eu duvido de mim mesmo
E me sinto numa intensa fraga
E eu de tanto chorar e sofrer
Não consigo estas dores vencer
E então meus olhos enchem-se d’águas...
ano 1971.