TEMPESTUOSO

TEMPESTUOSO

Lá vem mais tempestade sobre mim...

Abro a janela para o vento entrar

E, às lufadas, cortina a panejar

Faz como que presságio d’algo ruim.

A chuva despencou, ao cabo e ao fim,

Apagando-me os lumes do lugar.

Em plena escuridão, vi lampejar

Sobre o que se segreda o só confim.

Ruas em rios descem já torrentes

De águas turvas, levando nas correntes

Toda sorte de objeto em fuga errante.

Relâmpagos clareiam intermitentes

A ver o oculto por fugaz instante

Aquando do voo do íbis instigante.

Betim – 02 02 1992