EMBORA SONETO
EMBORA SONETO
Porque ninguém entende mais porquê —
— Se estrofe, ritmo e rima — algum sentido.
Ou 'inda com forma e norma, mas no olvido,
Buscar-se mais beleza ao que se crê.
Antes que mais se fale ou cale, sê
Atento co'as pessoas que tens sido...
Mas não tenhas por mote descabido
Armadilhas do poema a quem o lê.
Não é senão por ti que escreveria
A despeito d'haveres incorreto
— Por correto! — igual música vazia...
Seja eu teu inimigo predileto,
Que escreve por guardar-te da apatia:
-- "Há-que ser poesia, embora soneto..."
Belo Horizonte – 25 10 2005