VIS-À-VIS

VIS-À-VIS

--"Vês, não vês?” -- e me encara algo selvagem.

Respondo: -– “Sim, e estás já tão singela,

Que se sorris te vejo ‘inda mais bela

Te surgirem covinhas p’la visagem.”

Mas, fixando-lhe o olhar, crio coragem:

-- “Perdão te comparar a esta ou àquela,

Mas amiúde admiro quem revela

Pelas feições belíssima mensagem.”

”Pois tuas, e só tuas, estas linhas

Das histórias que leio pelo teu rosto

Tão próximo de mim agora posto.”

E ela diz, a sorrir suas covinhas:

--“Chhh... Olha só meus olhos, por enquanto

Vês? Já nem mil palavras dirão tanto!...”.

Belo Horizonte – 02 02 2001