SENDA DE ESPINHOS

 

 

Caminhando pela relva verde, orvalhada,

Pelo sereno que à noite para terra cedeu,

Em troca  do  calor que esta lhe forneceu,

Para aquecer a sua escuridão, tão gelada.

 

Os pés descalços marcam sulcos fundos,

Na grama que à  noite restou cristalizada,

Passeando ao raiar do dia, na madrugada,

Como quem pisa, em seu próprio mundo.

 

Tal qual a face da imprudência desmedida,

Arrefece todo ânimo do ermo caminhante,

Ao pisar nos espinhos de sua própria vida.

 

Todo o cuidado é pouco por esta variante,

De perspicaz enlevo que nos trás seduzida

Como se fora ela sua deslumbrada amante.

 

marcOrsi