FUNESTO ACALANTO

"Em vão! Contra o poder criador do Sonho/ O Fim das Coisas mostra-se medonho/ Como o desaguadouro atro de um rio..." (Augusto dos Anjos)

FUNESTO ACALANTO

Na inocência do riso nunca se espera...

Mas, de repente, vem o estrondoso chute

Na boca do estômago e a dor incute

Esparrama opacos cacos de quimera

Sangue jorra quente, rápido libera

Adrenalina... mesmo que contra eu lute

Atraído pelo olor ímpar, não nute

O abutre perante o maná que venera

Sobrevoa-me um torpe demônio negro

Alardeando minha triste desgraça,

Caçoando do infortúnio em arruaça

A visão turva como um evento alegro!...

Vê a ceifadeira o meu corpo no chão...

Me estende como acalanto a fria mão.

(Edna Frigato)

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Não me ofereça rosas rubras! Não vês a deselegância velada? São as negras que combinam, com a indumentária do meu coração. (Edna Frigato)

FUNESTO ACALANTO

Na inocência do sorriso, nunca se espera,

Mas, de repente, vem o estrondoso chute...

Na boca do estômago, a penosa dor incute;

Resvalando, o som vil de mil quimeras!

O sangue jorra... Rápido, quente, ávido...

Borbulhante, rubro, veloz, certeira ogiva!

Atraídos pelo olor, da viscosa seiva festiva,

Surgem seres reles, indolentes impávidos!

Corvos gris, sobrevoam-te, em frenesi alegro,

Demônios famintos, alardeiam tua desgraça;

Riem do infortúnio murmúrio! Por que a graça?

A visão turva, avista milhões de anjos negros...

Acompanhados pela morte, com apraz sorriso,

Estendendo- te como último acalanto, a fria mão!

(Edna Frigato)