DENTE DE LEÃO

DENTE DE LEÃO

Assopro o ouriço branco que se espalha,

Flutuando em paina aonde o vento for.

Recordo que fora antes áurea flor

E agora avoa leve feito palha.

Assim também a vida às vezes calha

De ser face às venturas sem furor:

A reluzente aurora ao seu alvor

Logo se empalidece em névoa falha...

Mas súbito, a correr pelas campinas

Vêm duas ou três crianças pequeninas,

Indo atrás d'essas plumas qu'eu assopro.

E o que me parecia vã canseira,

Torna-se uma inocente brincadeira

Cujo riso renovo a cada sopro.

Betim - 05 12 2015