A menina e o tempo
Menina, tornaste o tempo um brinquedo?
Teus cachos não suportam mais a trança,
e agora és senhora, não mais criança.
Os segundos passaram muito cedo.
Menina... ainda assim posso chamá-la?
Abandonaste o berço de repente,
provando, sem perdão, que o tempo mente.
Toma café conosco, em nossa sala.
Sosseguei do mundo, junto à janela.
Dormi moço, e acordei velho e cansado.
Venceu-me a noite, eu, pobre sentinela...
Vendo-te passar, mulher-menina,
não consegui te amar, nem ser amado:
petrifiquei as lentes da retina.