Janela fechada
Nestas terras distantes que padeço,
onde em vão lanço gritos por seu nome
— você, que está onde a vista se consome —,
eu sofro como um réu que paga o preço.
O valioso tesouro eu não mereço,
nem os excelsos postos de renome;
largo o que tenho e até abraço a fome,
para em ti cultivar o meu apreço.
Mas o flagelo aturde-me a existência,
o flagelo de tê-la só na ausência
que aflige o peito e o espírito congela.
Liberto então meu último suspiro,
e o vento passa e, em todos os seus giros,
o leva p'ra morrer em sua janela.