Janela fechada

Nestas terras distantes que padeço,

onde em vão lanço gritos por seu nome

— você, que está onde a vista se consome —,

eu sofro como um réu que paga o preço.

O valioso tesouro eu não mereço,

nem os excelsos postos de renome;

largo o que tenho e até abraço a fome,

para em ti cultivar o meu apreço.

Mas o flagelo aturde-me a existência,

o flagelo de tê-la só na ausência

que aflige o peito e o espírito congela.

Liberto então meu último suspiro,

e o vento passa e, em todos os seus giros,

o leva p'ra morrer em sua janela.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 04/12/2015
Código do texto: T5470008
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