CORPO ESTRANHO

CORPO ESTRANHO

Há em meu corpo um corpo acidental.

Algo a me incomodar; que não é meu.

Feito trave que ao olho se prendeu

E atravessa todo um campo visual.

Há em meu corpo um corpo irracional

Algo a mal influenciar; que não sou eu.

Pois, sensibilidade se perdeu

De quanto sei e sou e coisa e tal.

Porquanto o que eu deveras tanto estranho:

-- Um corpo em meu corpo, tão e tamanho,

Capaz de me impedir de ser e estar --

Ganha os contornos d’uma anomalia,

Em cuja escuridão, a luz do dia

Já não chega sequer ao meu olhar.

Betim - 13 01 2013