Melancolia
Na fulgurosa chama alumiante,
que lança pelo céu formosas línguas,
caminho diante delas e extingo-as,
deixando que uma lágrima as espante.
Ninguém se compadece a um peito arfante
a perecer nas súplicas, à míngua;
e a vida se desprende, então eu xingo-a
aos infernos que vão no meu semblante.
E a pérfida alegria que alentava
e que outrora era a ardente e ígnea lava,
petrificou-se e fez o meu tormento.
Porque a alegria é efêmera e vai embora:
fervilha, pousa um ósculo e evapora;
mas a tristeza dói ainda aqui dentro.