TÍMIDA
Tímida carícia ensaiada, parada a meio do caminho,
suspiros ecoando no peito apertado, ansiando ...
Como pássaro testando revoadas pra fora do ninho
medroso do erro, do acerto, minutos passando.
Não fosse o desejo angustiante e a vontade valente,
mudar em torvelinho indomável seu espírito sereno,
postaria em contemplação inerte o corpo e a mente
deixando-se ficar em lento torpor similar a um veneno.
Entre o querer e o ter perdeu-se a hora, não fez
sequer a tentativa como ensaio que fosse, então,
no crepúsculo ocultou o seu sonho, por timidez.
De que lhe valeu a força da ânsia em seu coração?
Escondida em si mesma fugia da vida, talvez,
ou quem sabe o medo de sofrer que lhe tirou a razão?