REJEITOS!

O meu verso rejeita a vida rejeitada

Assoreada que morre pelos leitos dos rios

Nos meandros das matas já desensolaradas

Que rejeitam viver num habitat hostil.

O Uirapuru rejeitado tão calado rejeita

A lançar o triste canto que sela a escuridão

Todo rio de água doce os rejeitos espreita

Rio de lama que desce fruto da podridão!

No horizonte há um palco de rejeitos obscuros

De solo taciturno que rejeita brotar

A vida fustigada no seu cerne profundo

Resfolega rejeitos, sem poder respirar...

O Boto rejeitado boia no oceano escuro...

De arrecifes assustados com os rejeitos no mar.

Nota da a autora: ofereço meu "soneto-rejeito" a todos os responsáveis, diretos e "solidários-indiretos", pelo tudo que aconteceu em Mariana e no todo da biodiversidade do Brasil. Não foi o Boto, muito menos o Uirapuru, que nos enlamaçou até a morte.