LUZ

Vento forte; esfacela o meu crer,
Deixa a primavera, com cara de outono,
Parece que Deus brinca de se esconder,
Não o vislumbro diante do seu trono.

Uma folha seca eu me sinto como,
Perdida no cinzelado entardecer,
Solitária alma, silente, ausente do cromo,
Refém da implacável angústia de ser.

Mas, entre nuvens vejo, aceso lineamento,
Desliza... ameniza o meu momento,
Enche de esperança minha alma menina.

Eu; que descria, agora, creio, abro os braços,
Me perpetuo... possuo asas, ganho espaço,
E deixo me envolver pela presença Divina.

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AO VENTO

Folha seca voo solta pelo espaço,
ao sabor do vento que é manso, leve,
deslizando, serena, eu abro os braços,
o vento a mais que isso não se atreve. 

Esta vida todos sabem é curta, breve,
de repente, parece, bate um cansaço...
Folha seca voo solta pelo espaço,
ao sabor do vento que é manso, leve. 

Da tristeza depressa eu me desfaço,
faz igual, olha-me, quieto observe,
o sol inda escondido só traz mormaço,
mas a mim não há nada que me enerve.
Folha seca voo solta pelo espaço.

(HLuna)