O INTERROGATÓRIO
O INTERROGATÓRIO
—“Dai-me algo por provar vossa inocência!
Falai-me ao menos!”— Diz o Inquisidor.
"Eu estou desolado" — acho... — "Ou melhor,
Lamento, mas não falo à sua audiência".
"Malgrado não me acuse ora a consciência,
Nada tenho a dizer em meu favor”.
Ele diz: — “Mas que pena! Tanto pior!
Se vos resta implorar tão-só clemência”...
“Eu só penso que vós não haveis dito
O que dizeis, não fosse indefensável
A verdade d’um homem já proscrito”.
— “Eu sei. Deveras, tudo isso admirável!
A minha vã verdade eu acredito
Ser-vos não falsa, mas insuportável”.
Belo Horizonte – 12 12 2001