A ROGO

A ROGO

Probo, escreve-me junto ao que hei escrito

Àqueles que me pedem testemunho,

Afirma as rimas qu'eu no papel cunho

Serem as que pretendo ter eu dito.

Para os devidos fins ou a quanto quito,

Os pesares aos quais eu me acabrunho.

Declara-me, porém, de próprio punho

Todo esse espólio inédito e inaudito.

Cuida que deixo a ti o ônus da prova

De que o havido nas rimas tem valor.

Em meu nome e por mim, mas com luz nova.

Seja ainda a fidúcia algo em favor.

Se por ouros de tolo bem se trova,

Sê da obra d'oravante o seu tutor.

Belo Horizonte – 23 06 2004