DEVASTADO
DEVASTADO
Lamento minhas filhas que jamais
Verão o rio -- espelho d'água aos céus --
Onde se dissipavam níveos véus
Das antigas florestas dos Gerais.
Perdidas estão para nunca mais
Outras manhãs que guardo igual troféus.
Pouco importa hoje quem serão os réus
De vítimas que sequer se ouve os ais:
A torrente varreu toda a floresta
Indo boiar no remanso d'uma curva
Co'os peixes buscando ar à margem d'esta...
Triste, toda a Natura ali se encurva.
De modo que a esta altura apenas resta
Aprender a ser peixe n'água turva!
Betim - 15 11 2015