JAZIGO

Saudade, afiadíssima navalha,

lacera o coração lacrimejante

e, abrindo uma ferida angustiante,

meus ternos sentimentos esmigalha.

Reminiscências vêm, o fel se espalha,

minha alma atormentando... É sufocante!

As forças pra enfrentar esse gigante

aos poucos me abandonam na batalha.

Sem brilho, os olhos vertem sal, tristura,

prostrados pela dor infinda, imensa

que a solidão impõe... Rude clausura!

Reclamo em vão, talvez, tua presença,

mas sei que fluirá o olor da cura

do abismo em que jazer essa querença.