VESPEIRO
Ai, bravas vespas! Vespas tantas, ide embora!
Que as emoções inermes não suportam, fracas,
ferroadas brutas, rudes que entram fundo, facas,
no mais profundo em mim que muito e sempre chora.
Ferozes vespas dominaram-me a consciência,
apoderando-se da mente débil, tonta,
a azucrinando em seus zunidos fina ponta
de pensamentos violentados na existência.
O que acontece é que estas vespas de amarguras
estão em tudo que ouço e vejo à minha frente,
nas atitudes de uma espécie em desandança.
Não ides? Peço então: cegai-me, a picaduras,
dos gestos pérfidos, absurdos dessa gente,
ó, vespas férreas da letal desesperança!