Tempestade Niilista
"É a subversão universal que ameaça./ A Natureza, e, em noite aziaga e ignota,/ Destrói a ebulição que a água alvorota./ E põe todos os astros na desgraça!" (Augusto dos Anjos)
Tempestade Niilista
Uma procela niilista, assola meu "eu" tático
Cai com violência em minha zona de conforto
Enquanto o léxico lírico morre absorto
Na ponta fina do punhal do hediondo enfático
Repentino o firmamento torna-se lunático
Prolífico ventre de um esotérico aborto
Nele o crepúsculo convulsiona e morre no orto
Dando lugar a um lacônico breu pragmático
Uma atração mórbida por sangue, um desencanto
Germina visceral nos meus sentidos, ascende
Na espinha dorsal da minha existência e, transcende
Até que a morte me estende a mão como acalanto!...
Me afaga o corpo inerte como faminto cão
E exibe o meu coração pulsando em sua mão
(Edna Frigato)
**********
Uma tempestade niilista, assola meu "eu" pragmático.
Cai, violentamente, sobre minhas certezas num dia morto;
O vocabulário lírico tornou-se febril, pereceu absorto
Na ponta do punhal certeiro, do hediondismo enfático!
O apogeu plenilúnio, subitamente, tornou-se procela;
No breu crepuscular, floresceu estrelas gris... Medonhas!
A aurora nati-morta, deixou de brilhar, tristonha...
Tamanha a escuridão do firmamento, anti-aquarela.
A obsessão mórbida pelo gosto de sangue, no entanto,
Germina visceral nos meus sentidos, ascende;
Na espinha dorsal da minha existência, transcende!
Mordaz, a morte estende-me a mão como acalanto.
Afaga-me o corpo frio, inerte, como um cão...
E, exibe meu coração. Pulsa arrítmico em suas mãos.
(Edna Frigato)