Soneto da sôfrega mente

As alvas brumas deitam sobre a terra,

adormecendo os seres que há no mundo,

num torpor que hipnotiza em um segundo

e a avidez em escura areia enterra.

Tudo se acalma como após a guerra,

o lânguido e hirto olhar de um moribundo,

que, embora lento, é cálido e profundo,

mas pela madrugada a visão erra;

que enquanto o negro véu encobre tudo

o que há por sobre o chão, um alto e agudo

silvo de prata irrompe de um poeta:

é algo que se esconde em meio a calma,

incendiando espíritos e almas:

o fogo de uma mente irrequieta.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 05/11/2015
Código do texto: T5438949
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