Soneto da sôfrega mente
As alvas brumas deitam sobre a terra,
adormecendo os seres que há no mundo,
num torpor que hipnotiza em um segundo
e a avidez em escura areia enterra.
Tudo se acalma como após a guerra,
o lânguido e hirto olhar de um moribundo,
que, embora lento, é cálido e profundo,
mas pela madrugada a visão erra;
que enquanto o negro véu encobre tudo
o que há por sobre o chão, um alto e agudo
silvo de prata irrompe de um poeta:
é algo que se esconde em meio a calma,
incendiando espíritos e almas:
o fogo de uma mente irrequieta.