Ruptura com o delírio
Na bruma rósea em que é formado o sonho,
meu espírito, que erra e não se cansa,
tece os fios de prata da esperança,
mas vê o mundo sólido e enfadonho.
Dedilha uma harpa de ouro um ser risonho
e espalha pelos campos bela dança,
que sobe até o espaço e então alcança
os cumes da ilusão, a qual me oponho.
E como eu navegasse largos mares
de quimeras, delírios e pesares,
do irreal instaurei os meus degredos;
que eu pus, ainda do barco, a mão no mar,
a bela água no intento de agarrar,
e apenas sal ficou entre os meus dedos.