Ruptura com o delírio

Na bruma rósea em que é formado o sonho,

meu espírito, que erra e não se cansa,

tece os fios de prata da esperança,

mas vê o mundo sólido e enfadonho.

Dedilha uma harpa de ouro um ser risonho

e espalha pelos campos bela dança,

que sobe até o espaço e então alcança

os cumes da ilusão, a qual me oponho.

E como eu navegasse largos mares

de quimeras, delírios e pesares,

do irreal instaurei os meus degredos;

que eu pus, ainda do barco, a mão no mar,

a bela água no intento de agarrar,

e apenas sal ficou entre os meus dedos.

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 29/10/2015
Reeditado em 08/11/2015
Código do texto: T5431107
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