DEPOIS DE ANOS

DEPOIS DE ANOS

Reclamar da vida era sua vida

Nada mais, nada menos: Mal-amada...

Vence pelo cansaço outra jornada

Co’a mesma queixa sendo repetida.

Por reter cada perda, ressentida

A encher-se de vazio em meio ao nada.

Sem ver em meu olhar, por desfocada,

De si a própria a imagem refletida.

É... Passado passado, entanto, nosso.

Nós vivemos, eu e ela, ao fim horrores

Deixando-me roído feito um osso.

E, embora ao esperdiçar em vão amores

Tenha perdido os modos de bom moço,

Ao menos foram belas minhas flores.

Betim - 20 12 2001