A chaga do dia
Aparece na límpida alvorada,
onde a luz determina a cor do mundo,
quando os galos, no urrar longo e profundo,
tecem nova manhã, tenda elevada.
E o sol, na inexorável marcha arqueada,
prossegue, rasga o céu e, num segundo,
faz nascer vida e o chão deixa fecundo,
enquanto arde o descalço pé, na estrada.
E impacta a esfera clara no horizonte,
deixando rubra mancha, rubra fonte
dos espessos, ardentes, ruivos óleos;
se esconde após matar o céu qual bala.
Tomada de escarlate, a flor se abala,
e, moribundo, o dia fecha os olhos.