Soneto do árduo amor
O teu olhar é a chave do universo,
pois nele está contida a Metafísica,
a básica matéria, toda a física
elementar do nobre e do perverso.
A verde rama, o pântano adverso,
o mar bravio, o lago triste, a tísica
areia do deserto... Ó, glória pírrica
cantar o que em teu olho está imerso!
E nestes versos simples que eu lhe deixo,
quero espelhar a ofensa vil de Aleixo
a Coridón, prostrado ao pé do outeiro.
Pois nas batalhas de um amor ingrato,
quem este amor possui bem dominado
é capaz de domar o mundo inteiro.