O corvo

Às vezes certa angústia pousa em mim.

Tal qual uma agourenta aberração,

Que grasna por apreciar meu fim,

Bicando o meu exposto coração.

...E, pouco a pouco, faz o seu festim,

Sem ter qualquer remorso ou compaixão.

Abrindo as suas asas de nanquim,

Conduz a minha alma à escuridão...

Um pássaro maldito a destroçar-me

A alma com seus gestos infernais;

Estraçalhando até a minha carne.

... No entanto, um dos meus medos mais letais,

É indagar quando ela vai deixar-me,

E a ave responder-me: “_ Nunca mais!”

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 19/10/2015
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