Fuligem

E é aqui que morro, exatamente... agora!

Sentindo essa fuligem que cai do céu,

Contemplamos a lua vermelha antes da aurora,

O ar carregado, pois, nas montanhas o fogaréu

Hediondo, usurpa o receptáculo natural dos seres.

Diante de nossos olhos, a alma sendo queimada.

Lambeu toda a relva e parafraseou em seus dizeres:

"Lhe consumirei inteira excelsa montanha! Até a alvorada!"

E agora o "grande" homem clama pela "pequena" mãe, suplica:

"Uma lágrima, oh mãe!" Eis que se fez. A chuva afogou tudo.

Para assim encharcar o solo ao qual depreciou, terra antes rica.

E o que restou daquela montanha? Virou essa fuligem... Cinza pulcro...

Fuligem... Que recobre a ganância e deixa o mundo sufocado, mudo...

Fuligem... Que enche meus pulmões e faz aqui o meu cinza sepulcro!