FINADOS
Ninguém veste a morte tão bem quanto o finado
Em seu estado estático de perfeição
O defunto estabelece nova ordem de criação
Cultivando os vermes de sonhos nele enterrados.
O finado é pouco teatral, a morte é universal
É uma entidade de lágrimas e poeira
Que traz em si a inconsistência passageira
Dos pórticos da carne desfeita e sepulcral.
Rigor mortis, finado sem rigor qualquer
É o mais belo fruto do fim da vida
Colhido na messe derradeira de última ida.
O morto, o finado e o penado são semente
Têm sua própria festa embaixo da terra silente.
Sobre o chão restam os vivos em peleja e saudade.