Agonia
À noite sobre a dor se me debruço
Ouvindo o cancioneiro da saudade
Esvai-se do meu ser mais que a metade
Na contração perversa de um soluço.
Eu choro, eu me debato, eu sigo o curso
Da depressão que o quarto frio invade,
E escuto Belzebu gritar: "Covarde!
Encerra essa agonia. Serra o pulso!"
O que me faz pensar (talvez) direito
E sossegar as ânsias do meu peito
É ter, no quarto ao lado, mãe e irmã...
O que fariam se ao abrir a porta
Vissem-me ali com minha cara morta
A desbotar no brilho da manhã?