PEDRAS E ROSAS
Alcança ver-se no íntimo, no avesso
e avista a meiga dor melancolia
premida sob os pés do riso espesso
grassando aos borbotões à luz do dia.
Anjinhos vis enfeitam feio externo,
enquanto ao fundo horrendo o belo atua;
cativo, condenado ao breu do inferno,
seu monstro manda beijos para a lua.
E em tal passar de cenas descabidas,
na mágica de olhar-se da janela,
encontra a exata imagem que o revela:
um chão que guarda pedras insabidas,
grosseiras, brutas, sujas, mas preciosas,
coberto em rosas lindas, venenosas.