TRIÂNGULO AMOROSO

Âmbar, a noite abraça o tempo mudo

de saudade na solidão sem fim!

E o dia, nácar qual um serafim,

contempla pasmo, boquiaberto a tudo!

E se cala temente, frágil, surdo,

té rebentar-se na fímbria, a fim

de contar tudo: tintim por tintim,

o que houve ontem na alcova... Mas contudo,

curvou-se ao cetro desse senhor,

e preferiu abster-se do amor,

que sentira por essa dama, a noite.

E o tempo com poder que lhe convém:

- Quando o dia vai, a noite vem...

E assim, baixou-lhes o cruel açoite!

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 09/10/2015
Reeditado em 22/10/2015
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