AMOR OU LIBERDADE
O amor que voa em pássaros do absurdo
e toca os fios frágeis do improvável
acaba encarcerado, cego e surdo,
perante a porta aberta e inalcançável.
Contudo a detenção irresolúvel,
embora para muitos seja um fardo,
é gozo puro, imenso, mel solúvel
nas veias do recluso felizardo.
Quem ama nos condões da intensidade
não vê nenhum valor na liberdade
de se existir sem outro coração.
Mas caso tal prisão alucinante
se rompa, saberá o incauto amante
que o preço de ser livre é a solidão.