Capitu, naturalmente!*
 
Oh! flor do céu! oh! Oh flor cândida e pura!
Tuas sementes planto aqui em versos,
Tanta beleza induz-me à tortura,
Profundo espinho na pele imerso.
 
Oh! flor do céu! oh! flor pura e cândida!
No teu olhar, fascínio deslumbrante,
Paixão que vejo de forma tão lânguida,
Exponho-me ao front de guerra lancinante!

Nessa trincheira, coração ardente,
Verve exultante nesse estranho ninho,
Lança-se um grito, disfarce à navalha,

Rasga-se a pele em aço resistente,
Corpo ferido e alma em desalinho,
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!

* Soneto decassílabo, rimas alternadas nas quadras, e interpoladas nos tercetos. Inspirado nos personagens Bentinho e Capitu, do livro Dom Casmurro, este soneto foi selecionado em concurso público para fazer parte da antologia “Um soneto para Machado de Assis” em homenagem aos cem anos da morte de Machado de Assis, junto a diversas poesias de autores brasileiros. Editora Litteris.