ARCÁDIA ULTRAMARINA - locus amoenus

LOCUS AMOENUS

para Tomás Antônio Gonzaga, o Dirceu

Chego a ver-te a Marília, bom Dirceu,

Folgar, esperançosa, n'estes campos

Gerais de mim... D’além sertões escampos.

Porque o amor d'ela fora já o meu.

Chego a ver ninfas cá onde estou eu

A brincar nuas com vãos pirilampos:

Seus seios tão alvos quanto figos lampos!

Algo que de teu tempo se perdeu...

Chego a ver, todavia, eu nada vejo,

Ou melhor, finjo ver ao ter a vista

Local ameno ao qual luz um lampejo.

O visto é fingimento teu de artista.

Vejo não o que vejo, mas desejo...

Finjo, para sem ver, ver-te a benquista.

Ouro Preto - 20 02 1995