ESPECTRO
Algo me diz que sou diferente
Que em mim há um sentir denunciado...
Olhando o espelho, à minha frente,
Não sou o mesmo ante o achado!
Vejo-me! O semblante é como de gente!
Mas, dentro, sinto outro ser demarcado,
Um fluxo que me escorre em corrente
E se esparrama em negro abotoado.
Haja, então, quem ouse dar-lhe a cor,
Quem lhe dê vida nova ao seu sabor
Correndo livremente o meu reduto!
Haja quem ouse abrir, co' olhos de lanho,
Um rasgo fundo e puro, sem ser canho,
E tome o que foi meu em absoluto!
2015-10-05