EMPUXO
Numa antítese do dia o céu se faz noite fria,
No mesmo palco de estrelas que se negaram à luz
Por que jazeu pela noite a nublada poesia
Sem iluminar a alegria dos versos feitos de cruz?
Qual seria o verbo a se aliterar nas esquinas
Da mulher tão menina na noite a vaguear?
Na nudez das calçadas a se despir em orgias
Como se o tempo amputado lhe pudesse voltar...
Se sofrer o sofrimento sem o acertado sentido
De poder reverter-lhe dores já em convulsão,
Fosse ao menos um rascunho ao cativo destino
No empuxo corrente duma grande paixão...
Que na dor das esquinas a vida lhe ceda um dia
Só estrelas colhidas, ainda que dum céu de ilusão...
**
Nota da autora: em homenagem às belas estrelas das telas fictícias .