VELHO CORAÇÃO
Meu velho coração amargurado
Ainda tem visões alvissareiras;
Ainda sonha e, tão encantado,
Vagueia a ignorar suas fronteiras...
Ainda tem o rosto empoeirado
Dos caminhos de íngremes ladeiras;
Ainda tenta o voo malogrado
Das aves já cansadas e leseiras...
E, no silêncio calmo de esperar
Aquele tempo exato de parar,
Uns versos de amor inda murmura,
A fagulhar no ar seus sentimentos,
Aspergindo perfumes de lamentos
Como flor a brotar na sepultura.