O PARTO DA POESIA

Ainda que do intelecto sempre brote,
Não é ali que nasce a poesia;
Misto de inspiração e fantasia,
Dependente do poeta, que a anote.

O coração do poeta se extasia
E o cérebro engravida desse mote
E envia à mão, o fruto desse dote
Que, no papel, seus versos irradia.

É como um parto, a obra de tal poeta,
Pois, entre gritos e ais, o verso nasce;
E com a competência de um obstetra

Faz parir; e, entre dores se completa
Verso branco ou soneto que entrelace,
A vida, o amor, a arte, o sonho, a meta.


H. Siqueira. 2013.