Soneto ao noctívago
Acalentado pela madrugada,
meu coração se alegra e reconforta.
A mente sai veloz na rua morta
e eu deixo um passo lento na calçada.
Uma efusiva trilha indisfarçada
se alonga e segue a minha via torta,
iluminando qual fulgor que corta
a escuridão da noite, amordaçada.
Se arrasta um cão, arfando, que me encara;
no céu, a lua já se retirara
e então maldigo o sol, com voz nenhuma.
Retorno então, soturno e sem alento,
enquanto arrasto o inerte pensamento,
que se dissolve e voa, junto à bruma.