SUMO
Da vida, devagar, quero extrair a última gota!
Espremer toda a beleza, só dela me saciar...
Nos ares da primavera, do orvalho à terra fofa
Da sagrada natureza todos dons os degustar!
Respirar pelo frescor de cada bosque soerguido
No milagre castigado que purifica a estação
Chapinhar pelos riachos e no fluxo distraído
Que da chuva fez vertente a embeber a plantação....
Quero olhar o horizonte a tocar o sol poente
Para dele reverter sagrada luz à escuridão
No ocaso dum acaso verdejar em verde ardente
À toda dor que, por descaso, converteu-se em solidão.
E às flores da janela ser a prima primavera,
Doce sumo que dá vida a qualquer sofreguidão.