A ALCOVITEIRA

A ALCOVITEIRA

Velha e casta, ela vive sempre à espreita,

Ocultando as amigas no adultério.

Com semblante insuspeito (grave e sério...),

Qualquer patifaria ela endireita.

Age assim p'ra se sentir jovem, refeita.

E após uma existência sob o império

Do prazer, levará ao cemitério

Intacta a honra como quem se respeita.

Jamais prevaricara, todavia,

Para muitas cedeu a própria alcova

A fim-de se saciarem noite e dia.

Maliciosa, entretinha ‘inda o traído

E às jovens repetia sua trova:

"Pelo amante tolera-se um marido".

Betim - 25 04 2011