Censurados
Censurei meus versos sim, porque tinha o teu nome,
Porque toda tua tez neles estava impresso em cores,
Nas entrelinhas todo o desejo por ti que me consome,
A minha intimidade qual ramalhete, perfume e flores.
Censurei meus versos por causa do olor do teu cabelo,
Ali estava transcrito o teu hálito que por hora foi meu,
Nossas pernas enroladas feito linha d’ouro em novelo,
Censurei, neles estavam todas as marcas do beijo teu.
Nos versos censurados tinha o teu gosto e o teu rosto,
Tinha o teu olhar que por vezes me devorava, eu acho,
Lá havia a nossa conversa séria, e também o esculacho.
Censurei meus versos sim, cada letra no devido posto,
Coisa nossa; ninguém precisa saber; corpos e sensação,
O meu eu em colisão ao teu, em calma, delírios e tesão.
Uberlândia MG
*soneto infiel – sem métrica
http://raquelordonesemgotas.blogspot.com.br/