MÃO DE DEUS

Santificado seja o místico pólen de ouro

Abelhas e outros insetos levam a continuidade

Das espécies; são igualmente pais de civilidade

Operam a flor com patas precisas sem agouro.

Os insetos tecem e interligam as flores

Numa rede de bater de asas e jornadas

A vida cresce do pequeno levada em jangadas

Pelos minúsculos que depositam nas pétalas seus amores.

A flor fecundada frutifica e alimenta a selva

Graças ao ato da singularidade da relva.

Será que eles têm orgulho do trabalho?

Pois são consortes, parteiros, amantes

Mão da criação. São efêmeros, mas não abdicantes

Do dever dado feito no seio de poucas horas.