O grito

Aquém dos verdejantes arvoredos,

dos lentos rios, ínfima emoção,

embora diminuta, tolhe a ação

do corpo e o predestina aos vis degredos.

Sobrevive e alimenta-se dos medos,

mastiga tudo o que há no céu e chão.

Ó, parasita impuro da abjeção,

que só não rói lembranças e segredos.

Uma ânsia de ousadia aturde-me a alma,

um mundo desabrocha no meu corpo,

mas é retido numa amarga calma...

Preciso abrir a boca, ó carga tanta,

para que escapes, duro peso morto,

Ó voz há muito presa na garganta!

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 30/09/2015
Reeditado em 29/02/2016
Código do texto: T5400069
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