O mar
Já fui lago tranquilo em longínqua outrora
Habitável e cercado por negras montanhas
Submerso em versos de humilde choupana
Em tom cristalino me arrastando com as horas
Fui maré formada na fúria da tarde
Na noite coberta por lençol de estrelas
Varrendo barcos e gente na lua vermelha
Regendo sereias e peixes, gerando alarde
Eu era a chuva e a queda das águas
Leito límpido no mistério do clarão
Era a força alvorecida em gotas claras
Deixei escombros de cidades pelo chão
Mas antes mesmo de reinar na madrugada
Eu morri, sequei, virei sertão