MINHA VIDA

É um belo vestido pendurado no varal

Onde forte vento o balança sem parar,

Na sua teimosia mistura-se ao vendaval

Quase foi todo o sentido do chorar.

É um vestido desbotado, já envelhecido,

Guardado no tempo que num átimo já vai.

Ninguém o quer, tornou-se desconhecido,

Como os alfarrábios que do passado não sai.

De cintura baixa, com mangas aos cotovelos,

Pernas tapadas, idem os joelhos, cujos zelos

Das mãos que o vestido prendia temendo o vento

Ainda há em mim o costume de sempre tê-lo

Saudades é o que não faltam. Basta eu revê-lo

Que o passado a minha face atira ao relento.

DIONÉA FRAGOSO

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 27/09/2015
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