MINHA VIDA
É um belo vestido pendurado no varal
Onde forte vento o balança sem parar,
Na sua teimosia mistura-se ao vendaval
Quase foi todo o sentido do chorar.
É um vestido desbotado, já envelhecido,
Guardado no tempo que num átimo já vai.
Ninguém o quer, tornou-se desconhecido,
Como os alfarrábios que do passado não sai.
De cintura baixa, com mangas aos cotovelos,
Pernas tapadas, idem os joelhos, cujos zelos
Das mãos que o vestido prendia temendo o vento
Ainda há em mim o costume de sempre tê-lo
Saudades é o que não faltam. Basta eu revê-lo
Que o passado a minha face atira ao relento.
DIONÉA FRAGOSO