Viagem
Nesta clausura à aberta madrugada,
onde o meu corpo aguarda o sol nascer,
elevo a mente para além do ser,
numa viagem bela e alucinada.
A substância básica no Nada,
a vida assimilada no entender,
o tempo-espaço livre a percorrer:
o pensamento errante e sem estrada.
Esbandalha o ar, navega os bravos mares,
ascende ao sol, à lua, ao céu de Antares.
E então sucumbe, ameno como um rio.
Vem caminhando pela rua morta,
percebo-o entrando, exausto, sob a porta
e em mim se aninha como um cão vadio.