DA BOCA PRA FORA

Brilhei nobreza ao doar perdão

para o sujeito que abriu-me a cara

com soco de ódio que se escancara,

cravando chaga de humilhação.

Mas não senti o esperado alívio

de quem perdoa sem dor e traumas,

somente o orgulho que flui das palmas

dos que passeiam no meu convívio.

Então num ato em magia estranha,

eu mergulhei na nudez da entranha

e vi (que doido desejo, aquele)...

meu lábio atado no tal sujeito,

a mão cravada em seu forte peito

e os dentes sujos do sangue dele.