SOBRE TELA, UM VERMELHO TAIPA

Pelas frestas das paredes soerguidas só de dores

De tijolos sobrepostos de esperança agonizante,

Primaveras reflorescem suas nuanças multiflores...

E lhes cede, em moldura, o seu manto aconchegante.

O retrato é ofuscado pelas nuvens de fumaça

que malditas asfixiam toda vida em convulsão,

No vermelho rutilante há o contraste da desgraça

Que qual benção sobrevive invisível à multidão.

Nas paredes descaiadas sobre a taipa avermelhada

Ondas quentes de calor lhes desbravam a solidão...

E as flores que decaem em primaveras ensolaradas

Fosforescem o forte rubro...sob um sol em explosão.

Do telhado descem cachos das vidas reflorescidas

Dura sina confundida num "vermelho" em comunhão...