ABSTRAÇÃO FUNÉREA

Angustia - fel que minha alma alimenta,

Seiva viciante, alucinógena, maldita!

Escorre de minhas vísceras, fomenta,

A dor da alma hedionda, algoz nojenta!

Déspota, engendra, vilania minha acusação

Ameaça, afronta, e bate o martelo; maldita!

Escróbita podre, impiedosa, onímoda me orbita,

Junto aos meus restos mortais, no reles caixão,

Mergulha no jazigo do meu impudico cérebro,

Em meu corpo inerte, frio, metafísico; macabro...

Podridão funesta dos amaldiçoados pagãos,

Nutre-se de corpos rotos, moribundos

Reduz a pó meus ossos tísicos imundos

Em rito torpe, com apetite foraz de um cão!

(Edna Frigato)

Edna Frigato
Enviado por Edna Frigato em 19/09/2015
Reeditado em 26/01/2016
Código do texto: T5387816
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