ABSTRAÇÃO FUNÉREA
Angustia - fel que minha alma alimenta,
Seiva viciante, alucinógena, maldita!
Escorre de minhas vísceras, fomenta,
A dor da alma hedionda, algoz nojenta!
Déspota, engendra, vilania minha acusação
Ameaça, afronta, e bate o martelo; maldita!
Escróbita podre, impiedosa, onímoda me orbita,
Junto aos meus restos mortais, no reles caixão,
Mergulha no jazigo do meu impudico cérebro,
Em meu corpo inerte, frio, metafísico; macabro...
Podridão funesta dos amaldiçoados pagãos,
Nutre-se de corpos rotos, moribundos
Reduz a pó meus ossos tísicos imundos
Em rito torpe, com apetite foraz de um cão!
(Edna Frigato)